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O Deserto e a Metanoia

O deserto é essencial à espiritualidade. Não como um fato em si, um acidente geográfico , mas como um estado do coração diante de Deus e de nós mesmos.

A superficialidade é a maldição de nosso tempo. A doutrina da satisfação instantânea é , antes de tudo, um problema espiritual. A necessidade urgente hoje não é de um maior número de pessoas inteligentes , ou dotadas , mas de pessoas profundas. É nesse sentido que o deserto como um espaço de aprofundamento das relações espirituais que , pela sua própria natureza, não sobrevive à superficialidade do mundo moderno.

Na espiritualidade moderna , observamos três caraterísticas interessantes . A primeira é o pragmatismo ou seja, tudo precisa ter um sentido prático e produtivo e a relevância de qualquer coisa é determinada pela sua utilidade imediata levando-nos a relações superficiais e utilitárias. A segunda é a necessidade de preencher espaços vazios. Não se pode deixar por exemplo lacunas na agenda, no diálogo, ou na convivência ; o silencio e a quietude são , paradoxalmente , realidades inquietantes. E terceiro , a realidade do consumismo como determinante do suposto sentido , valor e realização do homem.

Entramos na era do “fast food devocional”

Assim , as questões automáticas a partir disso são: 1) É possível alguém que ama a Deus não dispor de tempo para Deus? É possível construir uma amizade profunda , íntima e pessoal com Deus sem dispor de tempo para este encontro?

A redescoberta do deserto aponta para um caminho completamente oposto. O “fast food” não satisfaz o apetite da alma que anseia por Deus.

Redescobrir o deserto é redescobrir um caminho de crescimento espiritual.

A riqueza da vida monástica e dos retiros espirituais são caminhos para explorar esta realidade do desenvolvimento e maturidade espiritual . Esta possibilidade de passar um período em mosteiros ou lugares sagrados proporcionam um desligamento do ruído do mundo em um ambiente de quietude , silêncio e busca. No deserto estamos sós e com isso temos uma maior possibilidade do encontro com o "si mesmo".

É conhecer Deus, não nas experiências religiosas ou informações teológicas , mas na intimidade do nosso coração.

É lá onde tudo que nos ilude e nos engana é desmascarado e coloca-nos face a face com Deus.

A experiência do deserto é um elemento fundamental para a verdadeira conversão do coração , ou seja, a Metanoia.

“No silêncio e na quietude a alma devota faz progressos e aprende os mistérios escondidos nas Sagradas Escrituras

Tomás A. Kempis

Referência: O Caminho do Coração. Ricardo Barbosa.

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